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domingo, 9 de outubro de 2011

Celso Furtado e Paul Singer (inflação)

“A inflação é a criação de uma tensão dentro da economia para modificar a constituição da renda. Ela é sempre anti-social.” (Celso Furtado)


Por Juliana Lanzarini

1- A inflação é o processo pelo qual a economia tenta abserver um excedente de procura monetária. O estudo desse processo inflacionário focaliza dois problemas:

a) a constituição da renda e a desigualdade social
b) a emissão de papel-moeda e a circulação de renda
c) a elevação do nível de preços e a distribuição da renda real
d) o aumento dos preços, que leva à redução das importações
e) o aumento dos preços dos produtos industrializados e o aumento das exportações

Resposta certa: Letra C. Segundo Celso Furtado, a inflação é uma luta entre grupos pela redistribuição de renda real e a elevação do nível de preços é apenas uma manifestação exterior desse fenômeno.

Celso Furtado (padrão-ouro)

Questões baseadas no livro Formação Econômica Brasileira, de Celso Furtado


Capítulo XXVI

Por Juliana Lanzarini

1- A teoria monetária do século xix constitui, indubitavelmente, um instrumento de utilidade para explicar a realidade européia. Ela se baseava no princípio de que:

a) se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro (isto é, se o meio circulante dos distintos países tivessem como base a mesma moeda-mercadoria), o ouro disponível tenderia a distribuir-se em função das necessidades do comércio interno de cada país e das do comércio internacional, levando, no fim, ao equilibrio da balança de pagamentos.
b) se todos os países seguissem emitissem moedas na proorção do padrão dollar, os sistemas de preços dos distintos países seriam solidáriós.
c) se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro  haveria um desequilíbrio em sua balança de pagamentos
d) se houvesse redução na emissão de moeda, aumentariam as importações
e)se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro, criaria-se um desequilíbrio nas balança de pagamentos e esses paieses se veriam obrigados a exportar ouro

Resposta certa: A.


A teoria monetária do século xix constitui, indubitavelmente, um instrumento de utilidade para explicar a realidade européia.

Segundo essa teoria, se um paises importasse mais do que exportava, gerando desequilibrio da balança, esse pais teria que exportar ouro, reduzindo, assim, o meio circulante (moeda) e, essa redução de moeda levaria à baixa de preços e, consquentemente, à alta do ouro e um estímulo às exportações e um desestímulo às importações. Essa era a lógica.

Capítulo XVII
2- A experiência dos anos 20 - primeiro decênio de vida independente do Brasil - é ilustrativa e explica grande parte das dificuldades dos dois decênios subseqüentes. Nesse período o governo central não consegue arrecadar recursos, através do sistema fiscal, para cobrir sequer metade dos seus gastos agravados com a guerra no Uruguai (Província Cisplatina). Nesse período, o financiamento do déficit, que se fez principalmente:

a)  com emissão de moeda-papel e elevação relativa dos preços dos produtos importados
b) pela emissão de papel-moeda apenas, sem redução das importações
c) pela desvalorização externa da moeda apenas, elevando relativamente os preços dos produtos importados;
d) por meio de um sistema que afetou apenas a população urbana sem afetar em nada a grande classe de senhores agrícolas
e) pelo aumento da inflação, gerando revoltas urbanas.


Resposta certa: LETRA A.
 
A forma de financiar o déficit do governo central com emissões de moeda-papel e a elevação relativa dós preços dos produtos importados -provocada pela desvalorização externa da moeda - incidiam particularmente sobre a população urbana. A grande classe de senhores agrícolas, que em boa medida se auto-abasteciam em seus domínios e cujos gastos monetários o sistema de trabalho escravo amortecia, era relativamente pouco afetada pelos efeitos das emissões de moeda-papel. Esses efeitos se concentravam sobre as populações urbanas de pequenos comerciantes, empregados públicos e do comércio, militares, etc. Com efeito, a inflação acarretou um empobrecimento dessas classes, o que explica o caráter principalmente urbano das revoltas da época e o acirramento do ódio contra os portugueses, os quais sendo comerciantes eram responsabilizados pelos males que acabrunhavam o povo.

 Capítulo XXVII

3- O funcionamento do novo sistema econômico, baseado no trabalho assalariado, apresentava uma série de problemas que, na antiga economia exportadora-escravista, apenas se haviam esboçado. Um desses problemas - aliás comum a outras economias de características similares - consistiria na:

a) aumento do déficit do governo central, o que levou ao aumento da emissão de papel-moeda e aumento das tarifas de importações, principal fonte de renda desse governo;
b) impossibilidade de adaptar-se às regras do padrão-ouro, base de toda a economia internacional no período que aqui nos ocupa;
c) na insatisfação e revolta das populações assalariadas, concentradas nas áreas urbanas, e que foram as mais afetadas pelo aumento da inflação.
d) impossibilidade de se obeter equilibrio na balança de pagamentos, reduzindo a quantidade de moeda circulante e aumentando a desigualdade social;
e) redução das exportações, o que levou a crise da economia cafeeira.

4- O princípio fundamental do sistema do padrão-ouro radicava em que:

I-  o ouro seria a moeda padrão das economias;
II-  cada país deveria dispor de uma reserva de ouro grande suficiente para cobrir os déficits ocasionais de sua balança de pagamentos
III -  os paises deveriam dispor de uma reserva metálica de ouro ou de divisas conversíveis, na variante mais corrente, suficientemente grande para cobrir os déficits ocasionais de sua balança de pagamentos
IV -  os paises deveriam financiar, a curto prazo, as trocas internacionais em função de sua participação no comércio internacional, o que se daria por meio de uma reserva metálica de ouro, e da amplitude da sua participação relativa no comércio internacional.
V -  os países deveriam dispor de uma reserva de ouro que constituía uma reserva improdutiva. No Brasil, um país exportador de produtos primários que dependia das importações, a economia estava sujeita a oscilações muito mais agudas, o que explica, em parte, a não adaptação ao padrão.


a) estão certos os itens I e II apenas
b) estão certos os itens III e IV apenas
c) estão certos os itens IV e V apenas
d) estão certos os itens II, III,  IV e V.
e) todos estão certos


O princípio fundamental do sistema do padrão-ouro radi¬cava em que cada país deveria dispor de uma reserva metálica - ou de divisas conversíveis, na variante mais corrente - suficientemente gran¬de para cobrir os déficits ocasionais de sua balança de pagamentos. E fácil compreender que uma reserva metálica - estivesse ela amoedada ou não - constituía uma inversão improdutiva, que era na verdade a contribuição de cada país para o financiamento a curto prazo das tro¬cas internacionais. A dificuldade estava em que cada país deveria con¬tribuir para esse financiamento em função de sua participação no comércio internacional e da amplitude das flutuações de sua balança de pagamentos138. Ora, um país exportador de produtos primários ti¬nha, como regra, uma elevada participação relativa no comércio inter¬nacional, isto é, seu intercâmbio per capita era relativamente muito maior que sua renda monetária per capita. Por outro lado, sua economia - pelo fato mesmo de que dependia muito mais das exportações - estava su¬jeita a oscilações muito mais agudas.


O problema que se apresentava à economia brasileira era, em es¬sência, o seguinte: a que preço as regras do padrão-ouro poderiam apli¬car-se a um sistema especializado na exportação de produtos primários e com um elevado coeficiente de importação?

5- Para Celso Furtado, dos ciclos econômicos brasileiros emergiu uma estrutura produtiva caracterizada pela convivência entre um setor de alta produtividade, ligado às exportações, e outro, o setor de subsistência, de baixa produtividade. São eles:

a) exploração do pau-brasil, economia agrária e industrialização
b) agricultura da cana de açúcar, ciclo do ouro e transição para o trabalho assalariado após o fim da escravidão
c) economia da cana-de-açúcar, economia cafeeira e industrialização do pais
d) exploração do pau-brasil, economia da cana de açúcar e economia cafeeria
e) exploração da borracha, extração do pau-brasil e ciclo do ouro


Resposta certa: Letra B. Da interpretação furtadiana dos ciclos econômicos brasileiros – a agricultura
tropical da cana-de-açúcar, a economia escravista mineira do ciclo do ouro, a transição para o trabalho assalariado, com o fim da escravidão – emerge uma estrutura produtiva dual, caracterizada pela convivência entre um setor de alta produtividade, ligado às exportações, e outro, o setor de subsistência, de baixa produtividade. Essa dualidade, que impediu o crescimento do mercado interno, responde pelas dificuldades do processo de desenvolvimento brasileiro, como a baixa capacidade de investir, as recorrentes crises fiscais e do balanço de pagamentos e a inflação. A correta interpretação desse fenômeno exigia, para Furtado, um novo instrumental metodológico. Quando analisa a dificuldade do país para se adaptar ao padrão-ouro, na fase da transição do trabalho escravo para o assalariado


6- Sobre o padrão-ouro, marque a resposta certa:

I- foi o sistema monetário vigorante desde o século XIX até a Primeira Guerra Mundial e, basicamente, consistia na adoção, por parte das instituições financeiras de cada país que aderisse ao arranjo, de um preço fixo de sua moeda em relação ao ouro.

II- Em termos internacionais, o padrão-ouro significou a adoção de um regime cambial fixo por parte de praticamente todos os grandes países comerciais de sua época.

III -  Cada país se comprometeu em fixar o valor de sua moeda em relação a uma quantidade específica de ouro, e a realizar políticas monetárias, de compra e venda de ouro, de modo a preservar tal paridade definida.

IV - Operando no regime de padrão-ouro, o banco central de cada país mantém grande parte de seus ativos de reserva internacional sob a forma de ouro. As diferenças entre as reservas de ouro sob a propriedade de cada país refletia, portanto, as suas necessidades comerciais.

V - Nesse padrão, os fluxos de ouro financiavam os desequilíbrios nas balanças de pagamentos de cada país. Se um país fosse deficitário em sua balança de pagamentos, isto é, se a soma de bens e serviços importados do exterior fosse superior à soma de bens e serviços exportados ao mesmo, o país deveria corrigir o déficit exportando ouro. Os países superavitários, por sua vez, tornavam-se importadores de ouro.

a) estão certos os itens I e II apenas
b) estão certos os itens I, II e III apenas
c) estão certos os itens II, III e IV apenas
d) estão certos os itens I, III e V apenas
e) todos os itens estão certos

Resposta certa: Letra E. As “regras do jogo” prevalecentes no sistema de padrão-ouro eram simples: a quantidade de reservas de ouro do país determinava, portanto, a sua oferta monetária. Se um país fosse superavitário em sua balança de pagamentos, deveria importar ouro dos países deficitários. Isso elevaria sua oferta interna de moeda, levando a uma expansão da base monetária, o que provocaria um aumento de preços que, no final das contas, tiraria competitividade de seus produtos nos mercados internacionais, freando assim, novos superávits. Já se o país fosse deficitário na balança comercial, exportaria ouro, sofreria contração monetária, seus preços internos baixariam e, no final das contas, aumentaria a competitividade de seus produtos no exterior.
Em resumo, o padrão-ouro visava uma situação de equilíbrio na economia internacional de modo que cada país mantivesse uma base monetária consistente com a paridade cambial, mantendo assim uma balança comercial equilibrada.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a maioria dos países abandonou o padrão-ouro, principalmente devido às expansões monetárias e fiscais realizadas por eles durante a guerra, as quais desequilibraram enormemente o comércio internacional.

O padrão ouro foi fator determinante para a estabilidade e a expansão do comércio internacional no período que se estendeu do fim das guerras napoleônicas à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), após o qual foi reintroduzido como tentativa de restabelecer estabilidade monetária e cambial a esse comércio. À luz dessas considerações, julgue os seguintes itens.



57 (CESPE/INMETRO-2009)- Sob o regime do padrão ouro, a quantidade de ouro de que dispunha um país representava também a base de sua oferta monetária, uma vez que o valor da moeda estava diretamente atrelado a uma quantidade daquele metal, o que propiciava a conversibilidade das moedas e um mecanismo para a correção de desequilíbrios do balanço de pagamentos. CERTO


COMENTÁRIOS:
O padrão ouro foi utilizado entre os anos de 1873 e 1914, tendo sido importante mecanismo de estabilidade e expansão do comércio internacional nesse período. Sob a égide desse regime, cada país estabelecia sua oferta monetária de acordo com a quantidade de ouro que tivesse disponível. Em outras palavras, um país somente poderia emitir uma quantidade de moeda equivalente às reservas de ouro que possuísse (moedas lastreadas em ouro).
A estabilidade conferida pelo padrão-ouro ao comércio internacional pode ser explicada pelo mecanismo de correção de desequilíbrios no Balanço de Pagamentos que proporcionava. Com efeito, se um país importasse muito, ele perderia muitas reservas de ouro, o que causaria desvalorização de sua moeda. Com a moeda desvalorizada, os produtos se tornariam mais baratos no mercado internacional e suas exportações aumentariam, corrigindo o desequilíbrio no Balanço de Pagamentos. A questão está, portanto, correta.

58 (CESPE/INMETRO-2009)- O padrão ouro, tal como restabelecido no período entreguerras, diferia significativamente daquele praticado anteriormente, devido ao nacionalismo em matéria monetária e à dificuldade de coordenação entre os principais centros financeiros — Londres e Nova Iorque. CERTO


COMENTÁRIOS:
No período entreguerras, o padrão-ouro foi restabelecido, mas as bases sobre as quais se sustentava eram frágeis. A Inglaterra tentou voltar ao padrão-ouro, mas fixando uma taxa de câmbio supervalorizada, relativamente aos níveis anteriores à Primeira Guerra Mundial, sem levar em conta a inflação do período. A conseqüência disso é que houve um fluxo de capitais especulativos para a Inglaterra.

Ocorre que, quando outros países começaram a restaurar o padrão-ouro – como a França - suas moedas ficaram subvalorizadas em relação à Inglaterra, o que aumentou a desconfiança dos investidores em relação ao Balanço de Pagamentos inglês e em relação à conversibilidade da libra esterlina. Os outros países começaram a acreditar que a Inglaterra não seguiria as “regras do jogo” e manteria sua moeda artificialmente valorizada. A partir daí, os capitais especulativos que haviam migrado para a Inglaterra quando ela instituiu o padrão-ouro, começaram a fugir.

Podemos apontar algumas diferenças significativas do padrão câmbio-ouro em relação ao padrão-ouro:

1)- No regime câmbio-ouro, as reservas internacionais dos países eram parte em ouro e parte em moeda conversível em ouro (entenda-se libra esterlina).

2)- No regime câmbio-ouro, havia grande dificuldade de coordenação entre os centros financeiros. Pode-se verificar isso pelo fato da Inglaterra ter fixado uma taxa de câmbio sem levar em consideração a inflação, ao passo que os outros países a consideraram. Destaque-se que a dificuldade de coordenação do sistema financeiro internacional é uma dificuldade presente até os dias de hoje.

3)- No regime câmbio-ouro, predominavam nacionalismos em matéria monetária. A França, por exemplo, aprovou uma lei em 1928 exigindo que o acerto dos superávits em seu balanço de pagamentos fosse efetuado em ouro e não em libras ou outras moedas.



60 (CESPE/INMETRO-2009) Após a Segunda Guerra Mundial, o valor das moedas poderia ser expresso em uma quantidade de ouro, com o que se resguardava um dos aspectos centrais do padrão ouro, embora pudesse ser também definido em relação ao dólar norte-americano, admitindo-se uma pequena margem de oscilação, o que propiciou estabilidade cambial e facilitou a expansão do comércio internacional até o início dos anos 70 do século passado. CERTO.

COMENTÁRIO: Com o fim da Segunda Guerra Mundial, foi instaurado o sistema de Bretton Woods, no qual o valor das moedas era expresso em dólares e o dólar expresso em termos de ouro, admitindo-se uma pequena margem de oscilação das taxas de câmbio dos países. O sistema de Bretton Woods regulou o sistema financeiro internacional até os anos 70, quando entrou em colapso. A questão está, portanto, correta.





Celso Furtado (economias periférias)



Por Juliana Lanzarini

1- Pode-se dizer que o sucesso do Brasil até o início dos anos 80 levou ao seu fracasso. O fracasso da China até os anos 80 levou ao seu suesso a partir de então porque:

a) Em ambos os países o crescimento econômico se deu em razão do êxito da empresa agrícola
b) Embora os dois paises tenham mobilizado sua poupança interna a fim de suportar o financiamento de longo prazo, o Brasil teve menos sucesso
c) Os dois países, como todoas as economias periféricas, possuem estruturas e trajetórias sociais, econômicas e políticas muito dessemelhantes, o que dificulta a "integração competitiva"
d) A China, ao contrário do Brasil, constituiu um núcleo endógeno de inovação tecnológica
e) Ao contrário da China, o Brasil viveu, a partir do início dos anos 80, uma queda sensível das taxas médias de crescimento, quando as flutuações ficaram mais intensas e os surtos de expansão mais curtos.

Resposta certa: C. Uma característica das economias periférias, segundo Celso Furtado, é justamente a heterogeneidade social, ecocômica e política.

2- Existem várias condições que podem impedir que se atinja o crescimento auto-sustentado mesmo havendo um forte estímulo externo. São elas:

I- Má distribuição de renda.
II - Baixa tecnologia.
III - Baixa capacidade empresarial
IV - Importação deficiente de máquinas, equipamentos e matérias primas.


a) o item I tem, como explemplo, o ciclo do açucar, quando a renda ficava concentrada nas mãos dos grandes produtores
b) o item II tem, como exemplo, o ciclo da mineiração.
c) o item III tem, como exemplo, o ciclo do café
d) o item IV, tem, como exemplo, a industrialização (1900 a 1940)
e) todos os itens estão certos

Resposta certa: Letra E.
Má distribuição limita o efeito multiplicador, pois a renda gerada vai parar na mão de poucas pessoas logo gera-se pouca demanda no mercado interno. Não há estímulos para diversificação. Exemplo - ciclo do açúcar. Não basta um impulso externo e boa distribuição de renda.


Para se criar produção interna é preciso tecnologia e know-how. Oportunidades de consolidar o mercado interno podem não serem realizadas. Exemplo, ciclo da mineração.

Para o mercado interno crescer é preciso de indivíduos com capacidade empresarial. O mercado cresce a medida que entrepreneurs investirem, tomando riscos. Exemplo, gestação do café 1a metade do século XIX.

Para produzir internamente é preciso importar máquinas, equipamentos e matérias primas.
Problemas com a exportação do produto dinâmico do país pode dificultar essa importação.
Exemplo - industrialização 1900-1940

Paul Singer, Aprender Economia (moeda)

Questões elaboradas com base no livro Aprender Economia, de Paul Singer


Por Juliana Lanzarini

1- A existência da moeda abriu caminho para o surgimento do crédito: o instrumento de crédito é um papel em que o devedor declara sua dívida e assina embaixo, o que seria uma letra de câmbio ou uma nota promissória. Criou-se uma segunda moeda, que é uma representação da primeira:

a) o padrão-ouro
b) o dinheiro
c) o papel-moeda
d) a moeda-símbolo
e) o cheque


Resposta certa D. A moeda feita com metal precioso era fácil de transportar, mas corria o risco de ser roubada. Então, as transações passaram a ser feitas com letras de câmbio. Desta maneira, o papel passa a circular no lugar do ouro. Criou-se uma segunda moeda, que é uma representação da primeira: a moeda-símbolo.Outro fator importante é que as moedas de metal poderiam ser falsificadas e, para que isso fosse evitado, o Estado passou a protegê-las, através de sua cunhagem. Algum tempo depois, a cunhagem das moedas tornou-se obrigatória pelo Estado.


2- Para evitar que as moedas de metal fossem falsificadas, o Estado passou a protegê-las, através de sua cunhagem. Algum tempo depois, a cunhagem das moedas tornou-se obrigatória pelo Estado. Outra função importante do Estado no que tange à moeda numa economia de mercado é:

a) impor o cumprimento das obrigações assumidas em contratos privados. Com isso, ele pode especificar em que moeda as dívidas deverão ser pagas, exigindo de certas moedas curso forçado. b) controlar o déficit público e a inflação
c)  usar o câmbio flutuante, sujeito à ação corretora do BC
d) gerir a política monetária apenas
e) emitir papel-moeda apenas

Resposta certa: Letra A. As moedas de metal poderiam ser falsificadas e, para que isso fosse evitado, o Estado passou a protegê-las, através de sua cunhagem. Algum tempo depois, a cunhagem das moedas tornou-se obrigatória pelo Estado.


O Estado tem como uma de suas funções mais importantes numa economia de mercado, impor o cumprimento das obrigações assumidas em contratos privados. Com isso, ele pode especificar em que moeda as dívidas deverão ser pagas, exigindo de certas moedas curso forçado. Assim, o Estado constitui a única entidade que pode criar moeda, monopolizando sua emissão.

Os primeiros intermediários de crédito foram os ourives. Estes possuíam cofres e segurança em suas casas, para guardarem a matéria-prima de seu trabalho. Então, as pessoas passaram a guardar seu ouro com eles, pagando-lhes uma taxa. Como garantia, os depositantes recebiam um instrumento de crédito, emitido pelo ourives, especificando a quantia ali depositada. Na medida em que todos agiam assim, o ouvires passou a ficar com todo o ouro da cidade e, então, o que circulava realmente entre as cidades eram as notas dos ourives.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Formação econômica (continuação do prefácio)

Por Juliana Lanzarini

“Nossa elite privatiza os lucros e socializa as perdas” - Celso Furtado

Dando continuidade ao trabalho de dissecar o livro "Formação Econômica do Brasil", seguem mais questões preparadas com base em uma leitura atenta e detalhista.

1- Com relação à obra de Celso Furtado, o subdesenvolvimento é o produto de:

a) uma situação histórica e uma opção política
b) uma decisão política
c) um processo que visa copiar os estilos de vida das economias centrais
d) uma opção econômica
e) uma opção social

Resposta certa: Letra A. Para o autor, o subdesenvolvimento é produto de uma situação histórica, que divide o mundo em uma estrutura "centro-periferia", e de uma opção política, que subordina o processo de incorporação do progresso técnico ao objetivo de copiar os estilos de vida das economias centrais.

2- A teoria do subdesenvolvimento de Furtado pode ser vista como :

I - Resultado de uma discrepância entre as economias centrais e periféricas quanto à capacidade de elevar a produtividade média do trabalho e quanto ao poder de socialização do excedente entre salário e lucro;

II - Resultado de um processo que faz com que o estilo de vida que prevalece no centro não possa ser generalizado para o conjunto da população periférica.

III - Resultado da monopolização da renda por parte das elites que impõem a cópia dos estilos de vida dos países centrais, impedindo assim a integração de considerável parcela da população aos padrões mais adiantados de vida material e cultural.

IV - Uma crítica à irracionalidade de um movimento de incorporação de progresso técnico que reproduz continuamente a dependência externa e a assimetria social interna.

V - Resultado de uma discrepância entre as economias centrais e periféricas quanto essas últimas ainda não atingiram o grau de desenvolvimento necessário para alcançar aos padrões mais adiantados de vida material e cultural.



a) Estão certos os itens I e II apenas
b) Estão certos os itens III e IV apenas
c) Estão certos os itens I, II e V apenas
d) Está errado apenas o item V
e) Todas as respostas estão certas


Resposta certa: Letra D. Está errado apenas o iten V. Segundo o autor, o subdesenvolvimento não é uma etapa para o desenvolvimento e deve ser visto como resultado de uma relação centro-periferia que faz com que os paises subdesenvolvidos não sejam capazes de elevar a produtividade média do trabalho, nem socializar o excedente entre salário e lucro.

3- Segundo Furtado, a relação contraditória entre a posição periférica da economia brasileira no sistema capitalista mundial e o avanço da industrialização se cristaliza na impossibilidade de consolidar um mercado interno que contemple o conjunto da população. Isso ocorreu devido a diversos fatores, entre os quais NÃO pode-se incluir:

a) a modernização dos padrões de consumo como critério que orientou o processo de incorporação de progresso técnico;
b) a grande dificuldade para definir uma política econômica pautada pela defesa dos interesses nacionais como fruto do colonialismo cultural das classes dominantes
c) a falta de controle sobre os "centros internos de decisão", cuja maior expressão são as recorrentes crises de estrangulamento cambial,
d) permanente situação de fragilidade fiscal é a elevada freqüência de crises monetárias;
e) a reprodução de homogeneidades estruturais que caracterizam as economias subdesenvolvidas.

Resposta Certa: Letra E. As economias subdesenvolvidas são caracterizadas por heterogeneidades  produtivas, sociais e regionais.

 4- Segundo Celso Furtado, em "Construção interrompida", na década de 90 o Brasil viveu um grave impasse nacional que interrompeu um longo ciclo de expansão das forças produtivas, a desarticulação do processo de industrialização subdesenvolvida, que avançava pela linha de menor resistência, ancorada no Estado e impulsionada:

a) pela monetarização crescente da economia e pela concentração de renda, o que colocou a formação econômica do Brasil em xeque.

b) pela desnacionalização crescente da economia e pela concentração de renda, o que colocou a formação econômica do Brasil em xeque.
c) pela desindustrialização crescente da economia e pela concentração de renda, o que colocou a formação econômica do Brasil em xeque.
d) pelo aumento das desigualdades socais, o que colocou a formação econômica do Brasil em xeque.

e) pelo aumento do consumo interno de produtos importados, o que colocou a formação econômica do Brasil em xeque.







segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Formação econômica (Prefácio)




Vou começar meu estudo para o BNDES dissecando o livro "Formação Econômica do Brasil", de Celso Furtado, disponível em http://www.4shared.com/get/DwQevFA0/016-_FORMAO_ECONOMICA_DO_BRASI.html

Logo do prefácio podemos extrair as seguintes questões:

1- Segundo Celso Furtado, um sistema econômico é essencialmente um conjunto de dispositivos de regulação, voltados para o aumento da eficácia no uso de recursos escassos. Ele pressupõe a existência de uma ordem política, ou seja, uma estrutura de poder fundada na coação e/ou no consentimento. Essa idéia está diretamente relacionada com o seguintes conceitos:

I -  Os problemas econômicos não podem ser separados dos condicionantes socioculturais e políticos que sobredeterminam o alcance da concorrência como mola propulsora do processo de incorporação de progresso técnico.

II - O Estado nacional é a unidade de referência da teoria do desenvolvimento econômico.

III -  Os problemas do desenvolvimento nacional podem, conforme a tradição do desenvolvimentismo latino-americano, ser examinados pela ótica da acumulação.

IV -  Somente tem sentido falar de racionalidade econômica se nos referirmos a um determinado sistema econômico nacional.

V - Somente tem sentido falar de racionalidade econômica se nos referirmos a um determinado sistema
dominado por uma economia transnacionalizada.

VI -  O sistema econômico nacional ignora custos de várias ordens internalizados pelos sistemas em que ele se insere.



a) estão corretas as afirmações II e III apenas
b) estão corretas as afirmações I e II apenas
c) estão corretas as afirmações IV, V e VI apenas
d) estão corretas as afirmações I, II, III e IV apenase) estão corretas as afirmações II, IV, V e VI apenas


Resposta certa: D.

Os itens V e VI estão errados, já que a racionalidade econômica está, segundo o autor, ligada ao sistema econômico nacional e a suposta racionalidade que emergeria das empresas transnacionais (e não do sistema econômico nacional) é, segundo ele, apenas instrumental e ignora os custos de várias órdens "internalizados pelos sistemas nacionais em que ela se insere".


2- Um sistema econômico é essencialmente um conjunto de dispositivos de regulação, voltados para o aumento da eficácia no uso de recursos escassos. Com relação a existência de uma ordem política indispensável para a sustentação desse sistema econômico, é certo dizer que sua estrutura de poder está relacionada com os seguintes conceitos:


a) desigualdade social
b) concentração de renda e acumulação de riqueza
c) coação e/ou consentimento
d) participação eleitoral
e) irracionalidade econômica

Resposta certa: C. Ele pressupõe a existência de uma ordem política, ou seja, uma estrutura de poder fundada na coação e/ou no consentimento.



3- É possível dizer que na construção teórica e de uma metodologia, Celso Furtado combina diversos conceitos e autores econômicos, entre os quais NÃO figura:

(a) Noção de excedente social da economia política clássica
(b) Teoria das decisões de Weber e Mannheim
(c) A idéia de que o subdesenvolvimento seja considerada uma etapa para o desenvolvimento.
(d) A Teoria da demanda efetiva de Keynes e o enfoque estruturalista da relação centro-periferia de Prebisch.
(e) As lições sobre os círculos viciosos do subdesenvolvimento de Myrdal e Perroux

Resposta certa: Letra C. Para ele,  o subdesenvolvimento NÃO É uma etapa para o desenvolvimento.Isso porque com a apropriação do excedente por parte dos países centrais, as economias periféricas perpetuam uma forma de organização social sobre a qual o desenvolvimento NÃO SERÁ OBTIDO, a despeito da superação de uma estrutura dualista vigente e relacionada ao processo de industrialização de natureza dependente ocorrido nessas economias.

4- O objetivo primordial do trabalho de Furtado consistiu em desvendar a racionalidade econômica que orienta o processo de industrialização. (...) Sua abordagem privilegiou as relações de causa e efeito entre:

a) produção e consumo
b) moeda e mercadoria
c) emprego e desemprego
d) Estado e racionalização econômica
e) desenvolvimento e subdesenvolvimento

Resposta certa: letra A. Furtado estudou as relações de causa e efeito entre a expansão das forças produtivas e modernização dos padrões de consumo. O foco do problema consisiu em decifrar os mecanismos responsáveis pela elevação da produtividade física do trabalho e pelos seus reflexos sobre a capacidade de consumo da sociedade. Para tanto, torna-se vital examinar as estruturas sociais que condicionam o equilíbrio de força entre capital e trabalho.


5- Ao examinar as estruturas sociais que condicionam o equilíbrio de força entre capital e trabalho encontram-se os seguintes nós:

I - os mecanismos de acesso à terra
II - os meios de produção
III - o mercado de trabalho
IV - a monetarização da economia

a) estão certos os itens I e II
b) estão certos os itens I, II e III
c) estão certos os itens III e IV
d) estão certos os itens I, II, III e IV
e) estão certos os itens II, III e IV.

Resposta certa: Letra B. O nó da questão está nos mecanismos de acesso à terra, aos meios de produção e ao mercado de trabalho.

6- É a contínua transferência dos aumentos na produtividade física do trabalho para salário real que impulsiona a dialética de inovação e difusão do progresso técnico, combinando aumento progressivo da riqueza da Nação e crescente elevação do bem-estar do conjunto da população. Dentro dessa concepção, o desenvolvimento requer como condição sine qua non um mínimo de:

a) terra acessível
b) trabalho
c) moeda circulante
d) participação do Estado
e) equidade social

Resposta certa: Letra E. Para Furtado, o desenvolvimento só seria alcançado se o movimento de acumulação de capital provocasse uma tendência à escassez relativa de trabalho. Ou seja, o desenvolvimento capitalista só é possível com homogeneidade social. 

7- Com relação à reflexão de Furtado sobre subdesenvolvimento, marque a acertiva INCORRETA:

a) as premissas históricas que viabilizam o desenvolvimento das nações ricas se fazem presentes nas economias subdesenvolvidas.
b) A situação periférica e a reprodução de grandes assimetrias sociais criam bloqueios à inovação
c) A dificuldade decorre da impossibilidade de encadear os requisitos técnicos e econômicos de cada fase. de incorporação de progresso técnico.
d) Como a economia periférica carece de força própria, seu movimento de incorporação de progresso técnico responde a uma racionalidade adaptativa condicionada: de fora para dentro, pelas características do processo de difusão desigual do progresso.
e) Nos países periférios as assimetrias sociais dificultou a difusão do progresso técnico, inviabilizando a endogeneização do movimento de transformação capitalista.


Resposta certa: A. Ao contrário do afirmado, a reflexão de Furtado sobre subdesenvolvimento parte da constatação de que as premissas históricas que viabilizam o desenvolvimento não estão presentes nas economias subdesenvolvidas.