Páginas

domingo, 9 de outubro de 2011

Celso Furtado (padrão-ouro)

Questões baseadas no livro Formação Econômica Brasileira, de Celso Furtado


Capítulo XXVI

Por Juliana Lanzarini

1- A teoria monetária do século xix constitui, indubitavelmente, um instrumento de utilidade para explicar a realidade européia. Ela se baseava no princípio de que:

a) se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro (isto é, se o meio circulante dos distintos países tivessem como base a mesma moeda-mercadoria), o ouro disponível tenderia a distribuir-se em função das necessidades do comércio interno de cada país e das do comércio internacional, levando, no fim, ao equilibrio da balança de pagamentos.
b) se todos os países seguissem emitissem moedas na proorção do padrão dollar, os sistemas de preços dos distintos países seriam solidáriós.
c) se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro  haveria um desequilíbrio em sua balança de pagamentos
d) se houvesse redução na emissão de moeda, aumentariam as importações
e)se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro, criaria-se um desequilíbrio nas balança de pagamentos e esses paieses se veriam obrigados a exportar ouro

Resposta certa: A.


A teoria monetária do século xix constitui, indubitavelmente, um instrumento de utilidade para explicar a realidade européia.

Segundo essa teoria, se um paises importasse mais do que exportava, gerando desequilibrio da balança, esse pais teria que exportar ouro, reduzindo, assim, o meio circulante (moeda) e, essa redução de moeda levaria à baixa de preços e, consquentemente, à alta do ouro e um estímulo às exportações e um desestímulo às importações. Essa era a lógica.

Capítulo XVII
2- A experiência dos anos 20 - primeiro decênio de vida independente do Brasil - é ilustrativa e explica grande parte das dificuldades dos dois decênios subseqüentes. Nesse período o governo central não consegue arrecadar recursos, através do sistema fiscal, para cobrir sequer metade dos seus gastos agravados com a guerra no Uruguai (Província Cisplatina). Nesse período, o financiamento do déficit, que se fez principalmente:

a)  com emissão de moeda-papel e elevação relativa dos preços dos produtos importados
b) pela emissão de papel-moeda apenas, sem redução das importações
c) pela desvalorização externa da moeda apenas, elevando relativamente os preços dos produtos importados;
d) por meio de um sistema que afetou apenas a população urbana sem afetar em nada a grande classe de senhores agrícolas
e) pelo aumento da inflação, gerando revoltas urbanas.


Resposta certa: LETRA A.
 
A forma de financiar o déficit do governo central com emissões de moeda-papel e a elevação relativa dós preços dos produtos importados -provocada pela desvalorização externa da moeda - incidiam particularmente sobre a população urbana. A grande classe de senhores agrícolas, que em boa medida se auto-abasteciam em seus domínios e cujos gastos monetários o sistema de trabalho escravo amortecia, era relativamente pouco afetada pelos efeitos das emissões de moeda-papel. Esses efeitos se concentravam sobre as populações urbanas de pequenos comerciantes, empregados públicos e do comércio, militares, etc. Com efeito, a inflação acarretou um empobrecimento dessas classes, o que explica o caráter principalmente urbano das revoltas da época e o acirramento do ódio contra os portugueses, os quais sendo comerciantes eram responsabilizados pelos males que acabrunhavam o povo.

 Capítulo XXVII

3- O funcionamento do novo sistema econômico, baseado no trabalho assalariado, apresentava uma série de problemas que, na antiga economia exportadora-escravista, apenas se haviam esboçado. Um desses problemas - aliás comum a outras economias de características similares - consistiria na:

a) aumento do déficit do governo central, o que levou ao aumento da emissão de papel-moeda e aumento das tarifas de importações, principal fonte de renda desse governo;
b) impossibilidade de adaptar-se às regras do padrão-ouro, base de toda a economia internacional no período que aqui nos ocupa;
c) na insatisfação e revolta das populações assalariadas, concentradas nas áreas urbanas, e que foram as mais afetadas pelo aumento da inflação.
d) impossibilidade de se obeter equilibrio na balança de pagamentos, reduzindo a quantidade de moeda circulante e aumentando a desigualdade social;
e) redução das exportações, o que levou a crise da economia cafeeira.

4- O princípio fundamental do sistema do padrão-ouro radicava em que:

I-  o ouro seria a moeda padrão das economias;
II-  cada país deveria dispor de uma reserva de ouro grande suficiente para cobrir os déficits ocasionais de sua balança de pagamentos
III -  os paises deveriam dispor de uma reserva metálica de ouro ou de divisas conversíveis, na variante mais corrente, suficientemente grande para cobrir os déficits ocasionais de sua balança de pagamentos
IV -  os paises deveriam financiar, a curto prazo, as trocas internacionais em função de sua participação no comércio internacional, o que se daria por meio de uma reserva metálica de ouro, e da amplitude da sua participação relativa no comércio internacional.
V -  os países deveriam dispor de uma reserva de ouro que constituía uma reserva improdutiva. No Brasil, um país exportador de produtos primários que dependia das importações, a economia estava sujeita a oscilações muito mais agudas, o que explica, em parte, a não adaptação ao padrão.


a) estão certos os itens I e II apenas
b) estão certos os itens III e IV apenas
c) estão certos os itens IV e V apenas
d) estão certos os itens II, III,  IV e V.
e) todos estão certos


O princípio fundamental do sistema do padrão-ouro radi¬cava em que cada país deveria dispor de uma reserva metálica - ou de divisas conversíveis, na variante mais corrente - suficientemente gran¬de para cobrir os déficits ocasionais de sua balança de pagamentos. E fácil compreender que uma reserva metálica - estivesse ela amoedada ou não - constituía uma inversão improdutiva, que era na verdade a contribuição de cada país para o financiamento a curto prazo das tro¬cas internacionais. A dificuldade estava em que cada país deveria con¬tribuir para esse financiamento em função de sua participação no comércio internacional e da amplitude das flutuações de sua balança de pagamentos138. Ora, um país exportador de produtos primários ti¬nha, como regra, uma elevada participação relativa no comércio inter¬nacional, isto é, seu intercâmbio per capita era relativamente muito maior que sua renda monetária per capita. Por outro lado, sua economia - pelo fato mesmo de que dependia muito mais das exportações - estava su¬jeita a oscilações muito mais agudas.


O problema que se apresentava à economia brasileira era, em es¬sência, o seguinte: a que preço as regras do padrão-ouro poderiam apli¬car-se a um sistema especializado na exportação de produtos primários e com um elevado coeficiente de importação?

5- Para Celso Furtado, dos ciclos econômicos brasileiros emergiu uma estrutura produtiva caracterizada pela convivência entre um setor de alta produtividade, ligado às exportações, e outro, o setor de subsistência, de baixa produtividade. São eles:

a) exploração do pau-brasil, economia agrária e industrialização
b) agricultura da cana de açúcar, ciclo do ouro e transição para o trabalho assalariado após o fim da escravidão
c) economia da cana-de-açúcar, economia cafeeira e industrialização do pais
d) exploração do pau-brasil, economia da cana de açúcar e economia cafeeria
e) exploração da borracha, extração do pau-brasil e ciclo do ouro


Resposta certa: Letra B. Da interpretação furtadiana dos ciclos econômicos brasileiros – a agricultura
tropical da cana-de-açúcar, a economia escravista mineira do ciclo do ouro, a transição para o trabalho assalariado, com o fim da escravidão – emerge uma estrutura produtiva dual, caracterizada pela convivência entre um setor de alta produtividade, ligado às exportações, e outro, o setor de subsistência, de baixa produtividade. Essa dualidade, que impediu o crescimento do mercado interno, responde pelas dificuldades do processo de desenvolvimento brasileiro, como a baixa capacidade de investir, as recorrentes crises fiscais e do balanço de pagamentos e a inflação. A correta interpretação desse fenômeno exigia, para Furtado, um novo instrumental metodológico. Quando analisa a dificuldade do país para se adaptar ao padrão-ouro, na fase da transição do trabalho escravo para o assalariado


6- Sobre o padrão-ouro, marque a resposta certa:

I- foi o sistema monetário vigorante desde o século XIX até a Primeira Guerra Mundial e, basicamente, consistia na adoção, por parte das instituições financeiras de cada país que aderisse ao arranjo, de um preço fixo de sua moeda em relação ao ouro.

II- Em termos internacionais, o padrão-ouro significou a adoção de um regime cambial fixo por parte de praticamente todos os grandes países comerciais de sua época.

III -  Cada país se comprometeu em fixar o valor de sua moeda em relação a uma quantidade específica de ouro, e a realizar políticas monetárias, de compra e venda de ouro, de modo a preservar tal paridade definida.

IV - Operando no regime de padrão-ouro, o banco central de cada país mantém grande parte de seus ativos de reserva internacional sob a forma de ouro. As diferenças entre as reservas de ouro sob a propriedade de cada país refletia, portanto, as suas necessidades comerciais.

V - Nesse padrão, os fluxos de ouro financiavam os desequilíbrios nas balanças de pagamentos de cada país. Se um país fosse deficitário em sua balança de pagamentos, isto é, se a soma de bens e serviços importados do exterior fosse superior à soma de bens e serviços exportados ao mesmo, o país deveria corrigir o déficit exportando ouro. Os países superavitários, por sua vez, tornavam-se importadores de ouro.

a) estão certos os itens I e II apenas
b) estão certos os itens I, II e III apenas
c) estão certos os itens II, III e IV apenas
d) estão certos os itens I, III e V apenas
e) todos os itens estão certos

Resposta certa: Letra E. As “regras do jogo” prevalecentes no sistema de padrão-ouro eram simples: a quantidade de reservas de ouro do país determinava, portanto, a sua oferta monetária. Se um país fosse superavitário em sua balança de pagamentos, deveria importar ouro dos países deficitários. Isso elevaria sua oferta interna de moeda, levando a uma expansão da base monetária, o que provocaria um aumento de preços que, no final das contas, tiraria competitividade de seus produtos nos mercados internacionais, freando assim, novos superávits. Já se o país fosse deficitário na balança comercial, exportaria ouro, sofreria contração monetária, seus preços internos baixariam e, no final das contas, aumentaria a competitividade de seus produtos no exterior.
Em resumo, o padrão-ouro visava uma situação de equilíbrio na economia internacional de modo que cada país mantivesse uma base monetária consistente com a paridade cambial, mantendo assim uma balança comercial equilibrada.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a maioria dos países abandonou o padrão-ouro, principalmente devido às expansões monetárias e fiscais realizadas por eles durante a guerra, as quais desequilibraram enormemente o comércio internacional.

O padrão ouro foi fator determinante para a estabilidade e a expansão do comércio internacional no período que se estendeu do fim das guerras napoleônicas à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), após o qual foi reintroduzido como tentativa de restabelecer estabilidade monetária e cambial a esse comércio. À luz dessas considerações, julgue os seguintes itens.



57 (CESPE/INMETRO-2009)- Sob o regime do padrão ouro, a quantidade de ouro de que dispunha um país representava também a base de sua oferta monetária, uma vez que o valor da moeda estava diretamente atrelado a uma quantidade daquele metal, o que propiciava a conversibilidade das moedas e um mecanismo para a correção de desequilíbrios do balanço de pagamentos. CERTO


COMENTÁRIOS:
O padrão ouro foi utilizado entre os anos de 1873 e 1914, tendo sido importante mecanismo de estabilidade e expansão do comércio internacional nesse período. Sob a égide desse regime, cada país estabelecia sua oferta monetária de acordo com a quantidade de ouro que tivesse disponível. Em outras palavras, um país somente poderia emitir uma quantidade de moeda equivalente às reservas de ouro que possuísse (moedas lastreadas em ouro).
A estabilidade conferida pelo padrão-ouro ao comércio internacional pode ser explicada pelo mecanismo de correção de desequilíbrios no Balanço de Pagamentos que proporcionava. Com efeito, se um país importasse muito, ele perderia muitas reservas de ouro, o que causaria desvalorização de sua moeda. Com a moeda desvalorizada, os produtos se tornariam mais baratos no mercado internacional e suas exportações aumentariam, corrigindo o desequilíbrio no Balanço de Pagamentos. A questão está, portanto, correta.

58 (CESPE/INMETRO-2009)- O padrão ouro, tal como restabelecido no período entreguerras, diferia significativamente daquele praticado anteriormente, devido ao nacionalismo em matéria monetária e à dificuldade de coordenação entre os principais centros financeiros — Londres e Nova Iorque. CERTO


COMENTÁRIOS:
No período entreguerras, o padrão-ouro foi restabelecido, mas as bases sobre as quais se sustentava eram frágeis. A Inglaterra tentou voltar ao padrão-ouro, mas fixando uma taxa de câmbio supervalorizada, relativamente aos níveis anteriores à Primeira Guerra Mundial, sem levar em conta a inflação do período. A conseqüência disso é que houve um fluxo de capitais especulativos para a Inglaterra.

Ocorre que, quando outros países começaram a restaurar o padrão-ouro – como a França - suas moedas ficaram subvalorizadas em relação à Inglaterra, o que aumentou a desconfiança dos investidores em relação ao Balanço de Pagamentos inglês e em relação à conversibilidade da libra esterlina. Os outros países começaram a acreditar que a Inglaterra não seguiria as “regras do jogo” e manteria sua moeda artificialmente valorizada. A partir daí, os capitais especulativos que haviam migrado para a Inglaterra quando ela instituiu o padrão-ouro, começaram a fugir.

Podemos apontar algumas diferenças significativas do padrão câmbio-ouro em relação ao padrão-ouro:

1)- No regime câmbio-ouro, as reservas internacionais dos países eram parte em ouro e parte em moeda conversível em ouro (entenda-se libra esterlina).

2)- No regime câmbio-ouro, havia grande dificuldade de coordenação entre os centros financeiros. Pode-se verificar isso pelo fato da Inglaterra ter fixado uma taxa de câmbio sem levar em consideração a inflação, ao passo que os outros países a consideraram. Destaque-se que a dificuldade de coordenação do sistema financeiro internacional é uma dificuldade presente até os dias de hoje.

3)- No regime câmbio-ouro, predominavam nacionalismos em matéria monetária. A França, por exemplo, aprovou uma lei em 1928 exigindo que o acerto dos superávits em seu balanço de pagamentos fosse efetuado em ouro e não em libras ou outras moedas.



60 (CESPE/INMETRO-2009) Após a Segunda Guerra Mundial, o valor das moedas poderia ser expresso em uma quantidade de ouro, com o que se resguardava um dos aspectos centrais do padrão ouro, embora pudesse ser também definido em relação ao dólar norte-americano, admitindo-se uma pequena margem de oscilação, o que propiciou estabilidade cambial e facilitou a expansão do comércio internacional até o início dos anos 70 do século passado. CERTO.

COMENTÁRIO: Com o fim da Segunda Guerra Mundial, foi instaurado o sistema de Bretton Woods, no qual o valor das moedas era expresso em dólares e o dólar expresso em termos de ouro, admitindo-se uma pequena margem de oscilação das taxas de câmbio dos países. O sistema de Bretton Woods regulou o sistema financeiro internacional até os anos 70, quando entrou em colapso. A questão está, portanto, correta.





Nenhum comentário:

Postar um comentário